Conversar com o Governo do Estado sobre uma possível mudança do Comércio, na Cidade Baixa, para uma área na Base Naval de Aratu, para que no local seja construído o novo Centro de Convenções da Bahia, o Comando do II Distrito Naval aceita. Desde, contudo, que isso não implique na mudança de endereço do Hospital Naval, que fica anexo ao Quartel dos Fuzileiros Navais.
Assim posto, a Marinha aceita discutir uma transferência da área que durante décadas ocupou defronte ao Porto de Salvador, na Cidade Baixa. Mas admite deixar o local sem que seja preciso mexer no Hospital Naval. Pelo menos foi isso que foi posto para os integrantes do Conselho Estadual de Turismo, que na tarde de ontem se reuniu com o secretário de Turismo, Nelson Pelegrino, para discutir a proposta de construção do novo Centro de Convenções, no Comércio.
Conforme explicou o Comando do II Distrito Naval, em nota assinada pelo Assessor de Comunicação Social, o Capitão-de-Corveta, Flávio Francisco Barbosa Almeida, as negociações com o Governo do Estado não envolvem o terreno onde está instalado o Hospital Naval. Segundo a nota, “tais negociações não envolvem a cessão do terreno onde funciona o Hospital Naval de Salvador (HNSa), uma vez que as atuais instalações apresentam condições essenciais para o atendimento de saúde dos militares da MB (Marinha do Brasil) e dos seus dependentes.
Para o vice-presidente do Conselho Nacional de Turismo e presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação do Estado da Bahia, Silvio Pessoa, a decisão da Marinha praticamente inviabiliza as pretensões do Governo do Estado para o local. “Não há como se ter um Centro de Convenções de grande porte ao lado de um hospital. Criaria uma série de embaraços e prejudicaria a captação e realização de eventos”, disse.
Pretensões
Para o secretário de Turismo, a convivência futura entre o novo centro de convenções e o Hospital Naval não terá problemas. Isso porque nas estimativas de área do novo equipamento, de aproximadamente 80 ml meros quadrados, seriam suficientes para abrigar eventos de grande porte sem prejuízos ao funcionamento do hospital. Para o secretário, o maior entrave está na exigência da Marinha de só permitir a saída do grupamento militar dos Fuzileiros Navais quando dispuser de uma nova área totalmente pronta operacionalmente, o que demanda tempo e recursos.
O próprio secretário, que convocou os integrantes do trade turístico para uma reunião no final da tarde de ontem, do Estado, se encarregou de explicar que ainda não há qualquer definição de custos compensatórios do Governo do Estado para a Marinha, caso seja concretizada a transferência, e muito menos as fontes de recursos para a construção do novo centro. Segundo Nelson, o Comando do II Distrito Naval aceita conversar sobre o assunto, mas de antemão não aceita a saída do Hospital Naval da área. “Por isso as negociações estão em andamento, pois envolve patrimônio da União e questões estratégicas da própria Marinha”, disse.
Em contrapartida ao secretário de Turismo, o Comando do II Distrito Naval explicou em nota que apesar das conversas com o Governo do Estado, “ainda não foram concluídas as negociações para instalação de um futuro Centro de Convenções na área atualmente ocupada pelas instalações do Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador . Convém ressaltar que tais negociações não envolvem a cessão do terreno onde funciona o Hospital Naval de Salvador”, conclui o documento.
Ainda de acordo com a Marinha, o acordo em negociação estabelece, entre as suas premissas de contrapartidas, que a retirada do Grupamento dos Fuzileiros Navais do bairro do Comércio somente se dará após o recebimento total e definitivo da nova sede da citada Organização Militar, em plenas condições operacionais. É importante registrar que essas instalações devem ser construídas em local que atenda aos requisitos estratégicos e que não impliquem em prejuízos ao cumprimento das tarefas do Grupamento, sendo possível a utilização de área da Marinha do Brasil situada no interior do Complexo Naval de Aratu”, conclui.
Trade cobra entrega do atual CCB
Sem opções de implementar o turismo de negócios por falta de espaços físicos para abrigar eventos de médio e grande porte, o trade turístico cobra do Governo do Estado agilização nas obras de recuperação do atual centro de Convenções da Bahia.
Conforme deixou claro o vice-presidente do Conselho Nacional de Turismo, Silvio Pessoa, a Bahia corre sérios riscos de ficar completamente de fora do roteiro do turismo de negócios em 2016. “Temos um grande evento internacional programado para o final de novembro,com mais de oito mil visitantes. E não há espaços para a realização do evento”, argumenta.
A reunião de ontem à tarde entre o secretário estadual de Turismo e o trade turístico do Estado para discutir as possibilidades de construção do novo Centro de Convenções no Comércio, acabou servindo como cobrança para a conclusão das obras de reforma do atual. “Estamos dentro do cronograma e acreditamos que no segundo semestre o centro de convenções possa ser entregue”, disse Nelson Pelegrino.
Obra delicada
O secretário, que ouviu de representantes de mais de 20 entidades do turismo cobranças e reclamações sobre as obras de reforma do centro de convenções,disse que se trata de um equipamento que foi parcialmente corroído pelo salitre e que passa por obras emergenciais para não comprometer a as própria estrutura física.
As estimativas de investimentos na reforma gira em torno de R$ 10 milhões e conforme disse Nelson Pelegrino, por ser uma obra em um equipamento com mais de 36 anos e uso, é considerada delicada pelas próprias condições de degradação em que se encontrava. “O salitre no local corrói até vidro, e quanto mais intervém na obra se descobre novos problemas que requerem novas intervenções”, disse.