sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Senado aprova ingresso de mulheres no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil



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As mulheres poderão entrar no Corpo de Fuzileiros Navais Brasileiro, assumir todos os postos e ingressar em outros serviços da Marinha que hoje impõem restrição de gênero. 


Se antes elas não podiam fazer parte da atuação operativa da Marinha do Brasil (MB), que é, basicamente, servir a bordo de navios, conhecendo outros portos e países, e ir a combate junto com o pelotão em operações em terra, elas irão fazer a partir de 2019. Pela primeira vez, as mulheres poderão ingressar no Corpo da Armada e do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). 

(PLC 147/2017), lei Nº 13.541, aprovada em dezembro de 2017, autorizou o acesso às mulheres a todos os cargos de praças a oficiais da Marinha brasileira.

As mulheres poderão ser admitidas inclusive nas atividades operativas da Força, podendo integrar o corpo da Armada e o de Fuzileiros Navais, até então restritos apenas a militares do sexo masculino. 


Quebrando paradigmas

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Mesmo antes da lei Nº 13.541, aprovada em dezembro de 2017, que autorizou o ingresso das mulheres para o curso de oficial da Marinha do Brasil (MB) pela Escola Naval, no Corpo da Esquadra ou no de Fuzileiro Naval, o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) já contava com uma mulher combatente no seu efetivo. A 1º Tenente Auxiliar Fuzileiro Naval (AFN) Débora Ferreira de Freitas foi a primeira mulher a prestar concurso para o quadro de oficial auxiliar do CFN e se tornou a primeira combatente.
A 1º Ten Débora foi a primeira mulher a se tornar oficial combatente da Marinha do Brasil. (Foto: Marinha do Brasil)
Desde que se tornou oficial, atuou em importantes funções. Esteve presente no 25° Contingente no Haiti, como responsável pelo departamento de Assuntos Civis e de Comunicação Social, e foi comandante do Pelotão de Ligação na Companhia de Comunicações do Batalhão de Comando e Controle. Atualmente, a oficial trabalha na seção de pessoal do Batalhão de Comando e Controle dos Fuzileiros Navais, no Rio de Janeiro.
 Ten Débora ingressou como segundo-sargento músico do CFN em 2004, mas ela tinha aspirações maiores para sua missão dentro da MB. “Fiz a licenciatura em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, cumprindo o requisito de ter um curso superior para realizar o concurso para oficiais do CFN”, revelou à Diálogo  Ten Débora. “Depois de três anos de estudos, alcancei a aprovação em 2015 como oficial auxiliar do Corpo de Fuzileiros Navais e fui realizar o curso de preparação para oficiais.”
Ela contou que este concurso não possuía impeditivos no edital para que uma mulher se inscrevesse. “Só era necessário ser do CFN. Então decidi tentar, mesmo sendo mulher, e concorri em igualdade com os homens”, disse a  Ten Débora. “O que me motivou foi a oportunidade de crescimento dentro da força. Hoje me sinto realizada, pois o CFN busca manter a honra, a competência, a determinação e o profissionalismo, para que estejamos sempre atualizados e bem treinados para a defesa da pátria.”
A 1º Tenente (AFN) Débora Ferreira de Freitas durante o curso de Especialização em Guerra Anfíbia. (Foto: Marinha do Brasil)
O pioneirismo da oficial não parou por aí. Ela foi também a primeira mulher a realizar o Curso de Especialização em Guerra Anfíbia, em 2016, que habilita o oficial fuzileiro naval a comandar um pelotão de infantaria. O curso tem duração de quatro meses e exige muito dos combatentes, principalmente com relação à parte física. “Só a mochila pesava em torno de uns 25 quilos, fora o colete com a placa balística, o armamento e os outros equipamentos que tínhamos que carregar o tempo inteiro”, lembrou a Ten Débora.
A rotina do curso iniciava às 6h30 e incluía treinamento físico militar e atividades, constantemente avaliadas, relacionadas à formação de um comandante de pelotão. “A principal dificuldade foi o cansaço físico. Além disso, existe a diferença fisiológica entre o homem e a mulher, que tem suas particularidades”, destacou a  Ten Débora, e acrescentou que foi necessário valorizar ainda mais o espírito de corpo e mudar alguns hábitos, como deixar a vaidade de lado e aprender a dormir pouco e em qualquer lugar.
Um incentivo para outras mulheres
A 1º Ten Débora integrou o 25° Contingente no Haiti no período de dezembro de 2016 a junho de 2017. (Foto: Marinha do Brasil)
Segundo ela, ter conseguido concluir o curso abriu as portas para outras mulheres. “Eu mostrei que é possível para uma mulher exercer funções operativas sem ser diminuída por isso: carregar uma mochila pesada, usar armamentos, conduzir homens para uma missão com eficiência”, reforçou. Atualmente o CFN conta com duas mulheres operacionais e algumas que estão realizando o curso de Especialização em Guerra Anfíbia.
 Ten Débora revelou que sente orgulho de ter desbravado o caminho para outras combatentes. “Quando olho para trás, tenho um sentimento de dever cumprido, pois portas foram abertas para outras mulheres que desejarem pertencer ao CFN.” Ela pretende seguir se aperfeiçoando dentro do setor operativo da força, por meio de cursos e capacitações.
A oficial comemorou a autorização da MB para o ingresso das mulheres em todos os quadros operacionais. “Esta decisão mostra a importância de valorizar nosso trabalho e profissionalismo. A Marinha sempre foi pioneira no ingresso de mulheres e isso mostra que a força valoriza a presença feminina e o nosso grau de competência”, reforçou e estimulou o ingresso de outras mulheres. “Quem tiver isso como sonho deve seguir em frente, estudar e focar no objetivo, não deixando de se preparar muito fisicamente”, aconselhou a  Ten Débora.
Comissão de Gênero destaca pioneirismo da MB
Segundo o Brigadeiro (R) da Força Aérea Brasileira Antônio Carlos Coutinho, presidente da Comissão de Gênero do Ministério da Defesa (CGMD) do Brasil, a experiência adquirida pela MB ao longo dos anos superou as dúvidas e possibilitou à força a segurança necessária para facultar o acesso irrestrito às mulheres. O Brig Coutinho explicou que cada força tem a liberdade de definir quando e a quantidade de vagas que irá destinar para as mulheres. Mas, que as similaridades de parâmetros entre as três forças indicam que a decisão da MB pode estimular o Exército e a Força Aérea a adotarem a mesma medida num futuro próximo. “Cada uma tem sua peculiaridade e talvez o entendimento não venha com a mesma velocidade, mas os espaços estão sendo criados”, destacou o Brig Coutinho.
“Atitudes pioneiras como a da  Ten Débora só reforçam que o desempenho operacional nas forças armadas independe do gênero”, ressaltou o Brig Coutinho. Para ele, o importante é que os parâmetros estabelecidos pela instituição para o cargo sejam atendidos. “A decisão dessa jovem oficial de enfrentar um desafio peculiar, que superou todas as barreiras e teve sucesso no seu propósito, mostra que o resultado não depende do gênero e fortalece a presença das mulheres no meio militar”, afirmou.
A CGMD foi criada em 2014, com o objetivo de atenuar as diferenças entre os gêneros nas Forças Armadas do Brasil e ampliar a política para as mulheres dentro da profissão militar no pais. A CGMD está ligada diretamente à ONU Mulheres, entidade criada pela Organização das Nações Unidas para estimular a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Pioneira no Grupamento de Fuzileiros e banda do 6º DN, Olga é exemplo para outras mulheres


Apesar de única em meio a um grande grupo de homens, a terceiro-sargento Fuzileiro Naval Músico, Olga Sodré dos Santos, 27 anos, não passa despercebida, seja tocando o trombone ou nas suas funções, como proteção dos ambientes militares do 6º Distrito Naval em Ladário.
Na cidade pantaneira há cerca de um ano, a sargento é natural de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, e, na unidade militar situada na fronteira oeste do país, escreveu seu nome como a primeira mulher a integrar o Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário e a banda de música do 6º Distrito Naval.
“Fui a única mulher do meu curso, dentre quase mil alunos, mas temos outras mulheres no Brasil no Corpo de Fuzileiros, não muitas, mas  há”, comentou a militar sobre o fato de pertencer a um grupo preparado para enfrentar combates e situações hostis como sugere o próprio nome ‘fuzileiro” ao lembrar que os integrantes são aqueles habilitados a utilizar armamento (mais habitualmente fuzis) para proteção das unidades militares.
Arquivo pessoal

Durante curso de formação, sargento Olga foi a única mulher entre quase mil homens a integrar a turma
“No começo é difícil estar inserida num ambiente exclusivamente masculino, mas a gente percebe o esforço no dia a dia para respeitar a presença, a maioria compreende a importância de estarmos ali, é claro, tem uma minoria que não, mas isso não desmotiva”, disse Olga sobre o fato de estar “na linha de frente” da participação das mulheres na tradicional instituição militar.

“O preconceito não sinto, não diria que é isso, mas há sempre uma desconfiança porque eles não estão acostumados. No início pensam: 'essa menina não vai conseguir carregar essa mochila, não vai conseguir carregar esse fuzil' e daí eles veem que sim, se surpreendem e acabam espelhando em nós a esposa, uma filha, uma sobrinha e dizem: 'gostaria que minha filha também fizesse isso', mas há o período da adaptação sim”, confessou ao Diário Corumbaense sobre como as mulheres vêm ganhando seu espaço num ambiente ainda predominantemente masculino.

Durante a formação ou nos afazeres já como sargento, Olga contou que não sente distinção entre as tarefas pelo fato dela ser mulher. Segundo ela, além de provar para os colegas que é capaz, precisou provar a si mesma que venceria o grande desafio da vida militar e, hoje, se sente certa dessa igualdade que ainda é uma grande luta das mulheres em outros setores da vida civil.

“A filosofia é a mesma: espírito de corpo. Todo mundo sai junto, chega junto e, quando a gente começa a mostrar nosso valor militar, ganhamos essa valorização. Hoje, eu não me sinto diferente de um soldado da tropa”, disse.

Olga sabe que sua simples presença, seja desempenhando as funções como fuzileiro ou na banda de música, é observada por um importante público: aquele que se espelha no seu exemplo.

“Eu me sinto com uma carga enorme nas costas e privilegiada ao mesmo tempo. Às vezes, a gente sai para correr de manhã na rua e, quando me sinto cansada e vejo que tem uma menina próxima, penso que não posso parar porque ela tem que ver que consigo, porque vai que um dia ela queira entrar para a Marinha”, contou.
Arquivo pessoal

Em carreira ainda dominada por homens, Olga vem ganhando o respeito dos colegas ao superar as tarefas militares
Início em projeto social
Dessa forma, a jovem que se apaixonou pela música ao frequentar um projeto social de sua cidade e teve como pretensão um curso superior na área – ela é bacharel em trombone pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) -  a sargento Olga,  hoje, sabe que seu  talento musical caminha lado a lado com o exemplo de superação e pioneirismo para o público feminino a quem manda um recado.

“Não desista do seu sonho nunca, não acredite em palavras negativas, estude sempre. Acredite no seu potencial e não dê ouvidos para quem quer desestimular dizendo que carreira militar é coisa para homem”, finalizou Olga que também se inspira em outra mulher, a segundo-tenente Auxiliar Fuzileiro Naval, Débora Ferreira de Freitas, que faz parte do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais e que se tornou, em 2016, a primeira mulher habilitada a comandar um pelotão de infantaria no Brasil.

A Marinha do Brasil foi a primeira das Forças Armadas a admitir a presença de mulheres em seus quadros. Mais recentemente, em abril de 2017, a Marinha ampliou a participação de oficiais e praças femininas em atividades de aplicação efetiva do Poder Naval, autorizando o embarque em navios e unidades de tropa.
Arquivo pessoal

"Acredite no seu potencial", aconselha sargento Olga que já marcou seu nome no 6º DN por pioneirismo

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