segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A trajetória feminina na Marinha, no livro ‘Mulheres a Bordo’







Carla Souza Lima, Liz Machado e Ísis de Oliveira com a farda criada por Guilherme Guimarães - Terceiro / Reprodução

RIO — Se você viu o filme “No limite da honra”, aquele em que Demi Moore interpreta uma oficial da Marinha dos Estados Unidos que sofre à beça para fazer parte de um grupo de elite das forças armadas do país, deve pensar que feminilidade e vida militar não combinam. Aqui no Brasil a história parece ter sido diferente, como fica claro no livro “Mulheres a bordo” escrito por duas oficiais da Marinha brasileira. Não que elas não tenham suado a camisa. Mas sua história tem irresistíveis pitadas cor-de-rosa.


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Escrito a quatro mãos pela capitão-de-mar-e-guerra Sheila Aragão de Andrada e a capitão-de-fragata Helena Maria Peres, o livro celebra os 30 anos da primeira turma de mulheres da Marinha, que admitiu a presença feminina antes do Exército e da Aeronáutica.



Tanto pioneirismo foi, é claro, acompanhado de surpresas. Em 1981, ano em que foram admitidas, elas tiveram que fazer os homens entenderem as necessidades da rotina das mulheres.

— Eles não tinham nenhuma referência para lidar com a gente. Aos poucos perceberam as nossas necessidades e foram incorporando mudanças. Ao mesmo tempo, tivemos muito apoio dos superiores, todos homens. Eles sempre ressaltavam o nosso pioneirismo, e isso nos deixou orgulhosas — explica Sheila.

Para a primeira turma de mulheres, a Marinha caprichou. Chamou o estilista Guilherme Guimarães, um dos mais importantes criadores da moda brasileira da época, para desenhar a farda. De quebra, vieram as modelos Carla Souza Lima, Liz Machado e Ísis de Oliveira que posaram com as roupas em uma espécie de campanha militar fashion.

— Foi preciso um time de costureiras para adequar as fardas ao nosso biotipo. A Marinha havia encomendado os uniformes com as medidas das marinheiras dos EUA.

Uma exigência que deixou as meninas descontentes foi o corte de cabelo.

— Claro que não questionamos o corte. Mas como a farda foi assinada pelo Guilherme Guimarães, nós imaginamos que alguém desse porte cortaria os nossos cabelos. Qual não foi a nossa surpresa ao nos depararmos com o barbeiro da Marinha — diverte-se Sheila, que foi a primeira a ter as madeixas cortadas.

Ela, aliás, lançou moda. Teve os fios longos cortados em um clássico chanel. Algumas colegas de turma gostaram e pediram o mesmo corte, mas Sheila preferiu prender em coque. O penteado terminou por se tornar obrigatório. Hoje, as mulheres da marinha têm outras escolhas. Podem cortar curto ou, se preferirem, manter os fios longos, optar entre o coque e o rabo de cavalo.


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Entre tarefas administrativas e missões de paz no exterior, existe vida pessoal. As mulheres militares casam e têm filhos como as civis.

— Essa foi outra adaptação feita. Foram criadas creches. As mães que amamentavam tinham direito a se ausentar do trabalho para fazê-lo.

A história dessas mulheres continua. Uma das colegas de turma de Sheila, Dalva, ainda na ativa, é candidata a se tornar a primeira Almirante da Marinha do Brasil em 2013.



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